sexta-feira, 6 de abril de 2012

"Schweik na segunda guerra mundial" de Bertolt Brecht



Há algum tempo que não via na Madeira um espetáculo teatral que me enchesse as medidas como este Schweik na segunda guerra mundial de Bertold Brecht, levado à cena pelo TEF e com encenação de Élvio Camacho.
É precisamente para a encenação que vão as minhas primeiras palavras: bem pensada, estruturada, que refletiu um intenso trabalho de interpretação de um texto que, além de desafiante e desafiador, interpela-nos mais do que meros espetadores, mas principalmente enquanto seres humanos. As soluções encontradas para algumas particularidades que o texto apresenta foram coerentes com o "tom" que o espetáculo teve do início ao fim, não faltando falta de ritmo ao elenco, que também deve estar orgulhoso do trabalho apresentado.
Este texto (como aliás quase todos os textos de Brecht) mereceria uma leitura primeira, linear, menos preocupada com o alcance epistemológico que possa ter - e que não é de menosprezar -, quase como apenas para desfrutar do "prazer do texto" à boa maneira de Barthes. 
De seguida, então poderíamos começar a vislumbrar pistas, caminhos mais ou menos claros, certamente muitos obscuros, mas dos quais não poderíamos (nem quereríamos) fugir. Iríamos conhecer personagens datadas historicamente, colocadas numa época de horror de que todos nos deveríamos envergonhar, para ganharem um alcance universal, fruto de um realismo que nos realça a fragilidade da(s) vida(s) que somos e com que nos cruzamos. É uma verdadeira lição de homens para homens, onde a personagem principal acaba por ser a humanidade em busca de uma redenção que provavelmente nunca encontrará.
E mais não digo; muito - para não dizer tudo - fica por dizer, mas também não é espaço para isso. Nada como ir ver: em exibição até 15 de abril no cineteatro Santo António.

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